quarta-feira, 2 de maio de 2012

Ainda a Orquestra Sinfônica do Recife


Ontem à noite houve outra lindíssima apresentação da Orquestra Sinfônica do Recife (OSR), no Parque Dona Lindu. Acompanhada ao piano por Nelson Ayres, e com a participação especial de Marina De La Riva, a OSR deu um show. Foi, aliás, elogiadíssima, pelos dois convidados. Os arranjos de Nelson Ayres para a Bachiana No 4 e para Bye Bye Brasil, de Chico Buarque, tiveram efeito extraordinário! A História de Lily Braun também ficou uma graça arranjada para orquestra, e bem acompanhada por Marina De La Riva (visivelmente emocionada e feliz com a apresentação na terra do avô). Essa aproximação entre a música clássica e a MPB é sempre benfazeja, e bela, muito bela. Os resultados são preciosos esteticamente, e o gesto em si tem tudo a ver com a tradição cultural brasileira, tão avessa a fronteiras e identidades rígidas. Tenho a impressão de que Villa-Lobos teria adorado a versão de sua Bachiana assinada por Nelson Ayres, com direito a baixo e bateria. Nossa OSR fez bonito ontem! Tocou com alegria, com alma. Palmas particulares para o maestro Gioia, cujo vigor se reflete na execução segura da Orquestra. Felizmente, um grande público – e muito heterogêneo -- prestigiou o espetáculo. Coisa bonita mesmo de se ver.
A nota triste fica por conta da informação de que nosso ilustre prefeito vetou um projeto de lei que estabelece a implantação de plano de cargos e salários para a OSR! E eu reivindicando uma Sala de Música para o Recife! Francamente, não se trata de miopia, e sim da mais absoluta cegueira. Boas orquestras precisam de profissionais excepcionais e de dedicação exclusiva. Os músicos das grandes orquestras ensaiam no mínimo 8 horas por dia. Almejam a perfeição. E a música clássica exige a perfeição. Por isso, é fundamental que esses profissionais sejam bem pagos, do contrário terão de complementar a renda familiar fazendo bicos em festas particulares Logo, não poderão dedicar-se à orquestra como deveriam. A Câmara de Vereadores ainda terá a possibilidade de derrubar o veto do Prefeito. Resta-nos esperar que nossos legisladores tenham mais largueza de espírito e visão de maior envergadura. Só chega longe quem mira o horizonte.

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