sexta-feira, 9 de março de 2012

Ainda a propósito do tempo

Incrível o que o medo da solidão é capaz de fazer conosco. Olho à minha volta e me entristeço com o número razoável de mulheres, beirando os 40, como eu, que se mantêm em relações obviamente fracassadas. Eu mesma estiquei meu casamento em pelo menos três anos, quando já se fizera óbvio o fim da relação – o que não significa, necessariamente, o fim do amor. Não sei bem se é medo da solidão, dificuldade em lidar com o fracasso, ou o simples conforto de se saber amada. O fato é que nos deixamos levar pela comodidade de estar com alguém (será, talvez, um conforto primevo de fêmea, tranquilizada pelo mero fato de ter um macho por perto) e vamos, assim, deixando o tempo da vida escoar pelas nossas mãos. Damos sobrevida a um estado de ânimo que, se não pode ser qualificado como de infelicidade, adequa-se perfeitamente a substantivos como frustração e insatisfação. Ficamos à espera de algum improvável milagre: ou nosso parceiro haverá de se transformar num tosco protótipo do homem dos nossos sonhos, ou seremos objeto de um acaso maravilhoso, desses típicos holywoodianos, e, num belo dia ensolarado, esbarraremos no nosso grande amor, ao sairmos de uma loja no shopping.
Infelizmente, milagres são raríssimos, e o mais provável é que os anos passem, até que amarguemos a dor de sermos trocadas por outra (note-se bem: homens só terminam relações quando aparece outra no pedaço). Então, com vários anos a mais marcados nas linhas de expressão do rosto, estaremos novamente solitárias e ainda mais desesperadas com o fantasma da solidão. Descobriremos – outra vez – que o tempo não espera. E é por isso que decidi ser tão implacável quanto ele, o tempo. Não me darei mais o direito de desperdiçar minhas horas, meses e anos, a matéria da minha vida, com relações fadadas ao fracasso. Minha nova máxima: o tempo não pára.

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