segunda-feira, 12 de março de 2012

Uma coisa é o amor, outra é a felicidade

Alguns anos atrás, um amigo muito próximo e querido se separou. A ex-esposa ficou arrasada. Havia se casado muito, muito jovem, tivera dois filhos e sempre vivera para o lar. Marido e filhos eram sua razão de viver. No entanto, ainda que meu amigo fosse, para ela, seu príncipe encantado, fazia tempos que os dois viviam um cotidiano conturbado, conflituoso, tenso, logo, com pouco espaço para a felicidade. Quando a separação – inevitável, conforme entendimento de todos os que conhecíamos o casal – aconteceu, ela, a esposa, viu-se desnorteada. Ruíam todos os seus castelos de sonhos e sua imagem da felicidade. Conversei com ela, várias vezes, na sequência da separação. Aos prantos me dizia que nunca mais amaria alguém como amava meu amigo. Eu tentava, em vão, explicar-lhe que era verdade, sim, ela jamais voltaria a amar alguém como amara a seu ex-marido. Mas que amaria de outros modos, e que, certamente, poderia ser mais feliz com um amor maduro, do que jamais havia sido com seu amor juvenil, idealizado, plantado nas alturas da fantasia. Também procurava dizer-lhe que amor e felicidade não andam necessariamente juntos. Aliás, na maior parte dos casos, os dois caminham intrigados. É cruel? Mas é a realidade. Quantas vezes amamos verdadeiramente alguém, que nos ama também, porém não conseguimos ser felizes juntos. Relações podem se esgotar antes do amor. E é importante estarmos atentos aos sinais vitais das nossas relações amorosas. Antes que a relação entre em coma e mate o amor, melhor abrir mão do ser amado. Assim, preservaremos sempre algo de bom e especial. Poderemos, então, guardar as lembranças dessa história com serenidade e gratidão pelas venturas idas e vividas.

2 comentários:

  1. Poderemos não só salvar as lembranças e aprendizados, como reinventar a relação. Onde existe afeto e respeito, sobra criatividade para manter o vínculo.

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  2. É verdade. E é tão bom quando a gente consegue reinventar os vínculos!

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