Saímos de casa pela manhã, eu, Chrissy, sua cunhada, Suny e
a namorada, Barbara. Queria muito conhecer os Everglades, fazendo um passeio naqueles barcos com um grande
ventilador atrás, mas ficava distante do nosso destino final, Key Largo. Então,
paramos numa das entradas no lado leste. Descubro que os Everglades são um parque nacional enorme, um ecossistema único e
com uma certa diversidade interna. A área que visitamos é uma mistura de charco
e mangue, mas sem aqueles enormes capins que vemos nos filmes. Como quase tudo
nos Estados Unidos, o passeio é todo estruturado, com passarelas de madeira,
que nos permitem contemplar os jacarés, tartarugas, peixes e pássaros, em seu
habitat, mas com ordem e segurança.
Assistimos a uma cena curiosíssima. Uma elegante garça cinza
encontra-se parada num trecho alagado. Um jacaré ou alligator está a alguns metros de distância, igualmente parado,
meio disfarçado no meio da vegetação aquática, que parece ser da mesma família
da vitória-régia, o jacaré começa a movimentar-se lentamente em direção à
garça. Esta se põe toda tesa, e eu penso que está pressentindo a aproximação do
jacaré, ela levanta uma pata. De súbito, enfia o bico na água e sai segurando
um peixe. Como as aparências enganam! Eu pensando que ela se preparava para
fugir e a danada estava mais era preparando um bote. Enquanto sua vítima se
debate na ponta do seu bico, o jacaré prossegue seu lento e calculado movimento
de aproximação. A essa altura, todo um público de humanos assiste à cena de
respiração presa. O pássaro engole seu almoço e o jacaré cada vez mais perto.
Alguém exclama: Estamos prestes a testemunhar uma cena do National Geographics. Mas a garça finalmente dá sinais de perceber
a presença do seu predador e afasta-se em movimentos igualmente lentos e
suaves. Terá um fim bem melhor do que o do peixe.
De Everglades dirigimos
em direção ao extremo Sul do país. Vamos para Key Largo, o primeiro ponto importante dos “Keys” ou “caios” da
Flórida, uma enorme área costeira, formada por restingas, ilhotas, lagunas. A
paisagem é bem bonita. A estreita rodovia, com muretas e meios-fios inusitadamente
pintados de azul piscina, é uma linha reta desenhada no meio das águas. Em Key Largo, apesar da tosse intensa, que
anuncia uma bela gripe, acompanho as meninas num passeio de barco com mergulho
de superfície (snorkel). Uma
belíssima barreira de coral se estende por uma vasta área, em alto mar. Nunca
havia mergulhado de snorkel numa área
tão extensa. O barco retorna ao pôr-do-sol. No caminho para o ancoradouro,
passamos por casas que custam entre 6 e 10 milhões de dólares. Penso em como é
curioso que passeios turísticos sempre incluam esse tipo de informação, que me
parece absolutamente irrelevante. Enfim. Espero que os proprietários dessas
casas sejam felizes, a despeito dos seus milhões.
Chego em casa cansada e meio mole. Afinal de contas, o que
parecia apenas uma tosse irritante, é mesmo uma bela gripe.
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