Times Square é,
talvez, o lugar mais simbólico da Big
Apple. Já registrei como é impressionante a profusão de luzes coloridas e o
fluxo intenso e meio frenético de pessoas. Parece que o mundo inteiro está ali.
A cada dois passos alguém empunha uma máquina fotográfica ou faz um selfie com um celular. Pelas calçadas da
7 Av. personagens de filmes disputam a atenção dos turistas. Querem dólares em
troca de uma foto. Olaf, Hannah, Elsa, os Minions, um decadente e roto Capitão
América, e um bizarro cowboy com suas
cowgirls. Trata-se de um belo rapaz,
com compridos cabelos castanhos-claros, vestido de cueca, botas, chapéu, com a
bandeira americana pintada no corpo, empunhando uma guitarra, e de algumas
moças, de calcinhas vermelhas rendadas, minúsculas, de botas e o resto do corpo
coberto por uma pintura da bandeira americana. Não sei se acho isso curioso ou
simplesmente patético. Numa das vezes em que cruzo Times Square, olho para o lado e vejo uma moça relativamente feia
tirando uma foto com o belo e ridículo cowboy.
E viva a diversidade do mundo.
Entro numa loja do Walgreens
e testemunho uma triste cena. Um gerente indiano repreende um senhor negro,
idoso e encurvado, que se apoia numa bengala e parece suster-se de pé com
dificuldade. O gerente lhe fala com calma e educação, mas com firmeza. Lhe diz
que há câmeras por toda parte e que ele não deveria fazer aquilo. Pede que o
senhor devolva o que estava tentando furtar, o que ele acaba por fazer. Porém,
tão logo devolve a comida, o senhor negro começa a esbravejar e ofender o
gerente indiano, que o havia tratado com um respeito e uma delicadeza quase
incondizentes com a situação. O senhor grita que ele deveria ir embora da
América e que ele sabe muito bem o que é uma guerra, e sai da loja
esbravejando, enquanto o indiano se afasta, de modo a evitar um atrito maior.
A Times Square
concentra todos os teatros onde se pode ver os espetáculos da Broadway e muitos off-Broadway. Assisto a uma peça com Hellen Mirren: The Audience. O texto não tem nada de
muito especial. Os vários primeiros-ministros do reinado de Elizabeth II se
sucedem nas audiências com a rainha, que tratam de assuntos domésticos a
episódios dramáticos da história do mundo nos séculos XX e XXI. Nada de muito
especial, a não ser pela interpretação de Hellen Mirren, que é mesmo uma
excelente atriz. Seus diálogos -- e a relação -- mais interessante se dão com
um primeiro-ministro que eu desconhecia, Wilson (excelente ator também!).
O que eu adorei assistir foi The Book of Mormon. Nem sou muito afeita a musicais, mas adorei o
texto inteligente, irônico (sarcástico em vários momentos) e engraçado. A
montagem e os atores são excelentes. Realmente, um espetáculo que vale a pena
assistir. Boa indicação de Fabinho.
Como Times Square
é diverso e pode ser surpreendente, também foi lá que assisti a uma linda
missa, no domingo. Tinha passado o dia todo procurando por uma igreja. Saí da
peça e fui a um Starbucks para usar o
sinal da internet e tentar localizar uma missa de final de tarde em NY. Sem obter
sucesso na minha busca, pois aparentemente não havia mais missa depois das 17h,
resolvi arriscar a compra de um ingresso para The Book of Mormon. Quando estava chegando ao teatro, vi uma igreja
do outro lado da rua e havia pessoas entrando. Corri para lá e uma missa estava
começando. Eram 18:10h. A igreja de São Malaquias tem estilo gótico, mas é
pequena, portanto, sóbria e aconchegante. A missa foi linda, toda cantada, e o
padre era jovem e carismático. Fiquei profundamente comovida, e agradecida por
vivenciar aquele momento. Mais uma lição sobre a importância da entrega ao Deus
que nos ama. Eu procurando a missa, e a missa me achou. Aliás, o sermão foi
exatamente sobre a Misericórdia divina, que não é outra coisa senão um Amor
infinito por nós, e a despeito de nossas limitações.
Dicas de viagem:
Em quase todas as esquinas da área central de Nova Iorque, o
que inclui Times Square, há uma
carrocinha de halal food. É comida
árabe, mas não sei bem de que país, ou países. O fato é que os homens que estão
à frente das carrocinhas (nunca há mulheres) falam árabe e têm biotipo árabe. O
cheiro que essa comida exala é marcante e muito perfumado, irresistível, eu
diria. Comi um sanduíche de falafel numa esquina da 6ª Av. que estava
simplesmente divino. Os falafels foram fritos na hora e estavam muito
crocantes, além de extremamente saborosos. O melhor falafel que já comi na
vida. O vendedor me explicou que halal
significa sagrado. Acabou virando um nome comum para esse tipo de comida árabe
que se vende nas esquinas de nova Iorque.
Nenhum comentário:
Postar um comentário