quinta-feira, 16 de abril de 2015

O burburinho de Times Square


Times Square é, talvez, o lugar mais simbólico da Big Apple. Já registrei como é impressionante a profusão de luzes coloridas e o fluxo intenso e meio frenético de pessoas. Parece que o mundo inteiro está ali. A cada dois passos alguém empunha uma máquina fotográfica ou faz um selfie com um celular. Pelas calçadas da 7 Av. personagens de filmes disputam a atenção dos turistas. Querem dólares em troca de uma foto. Olaf, Hannah, Elsa, os Minions, um decadente e roto Capitão América, e um bizarro cowboy com suas cowgirls. Trata-se de um belo rapaz, com compridos cabelos castanhos-claros, vestido de cueca, botas, chapéu, com a bandeira americana pintada no corpo, empunhando uma guitarra, e de algumas moças, de calcinhas vermelhas rendadas, minúsculas, de botas e o resto do corpo coberto por uma pintura da bandeira americana. Não sei se acho isso curioso ou simplesmente patético. Numa das vezes em que cruzo Times Square, olho para o lado e vejo uma moça relativamente feia tirando uma foto com o belo e ridículo cowboy. E viva a diversidade do mundo.
Entro numa loja do Walgreens e testemunho uma triste cena. Um gerente indiano repreende um senhor negro, idoso e encurvado, que se apoia numa bengala e parece suster-se de pé com dificuldade. O gerente lhe fala com calma e educação, mas com firmeza. Lhe diz que há câmeras por toda parte e que ele não deveria fazer aquilo. Pede que o senhor devolva o que estava tentando furtar, o que ele acaba por fazer. Porém, tão logo devolve a comida, o senhor negro começa a esbravejar e ofender o gerente indiano, que o havia tratado com um respeito e uma delicadeza quase incondizentes com a situação. O senhor grita que ele deveria ir embora da América e que ele sabe muito bem o que é uma guerra, e sai da loja esbravejando, enquanto o indiano se afasta, de modo a evitar um atrito maior.
A Times Square concentra todos os teatros onde se pode ver os espetáculos da Broadway e muitos off-Broadway. Assisto a uma peça com Hellen Mirren: The Audience. O texto não tem nada de muito especial. Os vários primeiros-ministros do reinado de Elizabeth II se sucedem nas audiências com a rainha, que tratam de assuntos domésticos a episódios dramáticos da história do mundo nos séculos XX e XXI. Nada de muito especial, a não ser pela interpretação de Hellen Mirren, que é mesmo uma excelente atriz. Seus diálogos -- e a relação -- mais interessante se dão com um primeiro-ministro que eu desconhecia, Wilson (excelente ator também!).
O que eu adorei assistir foi The Book of Mormon. Nem sou muito afeita a musicais, mas adorei o texto inteligente, irônico (sarcástico em vários momentos) e engraçado. A montagem e os atores são excelentes. Realmente, um espetáculo que vale a pena assistir. Boa indicação de Fabinho.
Como Times Square é diverso e pode ser surpreendente, também foi lá que assisti a uma linda missa, no domingo. Tinha passado o dia todo procurando por uma igreja. Saí da peça e fui a um Starbucks para usar o sinal da internet e tentar localizar uma missa de final de tarde em NY. Sem obter sucesso na minha busca, pois aparentemente não havia mais missa depois das 17h, resolvi arriscar a compra de um ingresso para The Book of Mormon. Quando estava chegando ao teatro, vi uma igreja do outro lado da rua e havia pessoas entrando. Corri para lá e uma missa estava começando. Eram 18:10h. A igreja de São Malaquias tem estilo gótico, mas é pequena, portanto, sóbria e aconchegante. A missa foi linda, toda cantada, e o padre era jovem e carismático. Fiquei profundamente comovida, e agradecida por vivenciar aquele momento. Mais uma lição sobre a importância da entrega ao Deus que nos ama. Eu procurando a missa, e a missa me achou. Aliás, o sermão foi exatamente sobre a Misericórdia divina, que não é outra coisa senão um Amor infinito por nós, e a despeito de nossas limitações.

Dicas de viagem:

Em quase todas as esquinas da área central de Nova Iorque, o que inclui Times Square, há uma carrocinha de halal food. É comida árabe, mas não sei bem de que país, ou países. O fato é que os homens que estão à frente das carrocinhas (nunca há mulheres) falam árabe e têm biotipo árabe. O cheiro que essa comida exala é marcante e muito perfumado, irresistível, eu diria. Comi um sanduíche de falafel numa esquina da 6ª Av. que estava simplesmente divino. Os falafels foram fritos na hora e estavam muito crocantes, além de extremamente saborosos. O melhor falafel que já comi na vida. O vendedor me explicou que halal significa sagrado. Acabou virando um nome comum para esse tipo de comida árabe que se vende nas esquinas de nova Iorque.

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