quinta-feira, 16 de abril de 2015

O metrô de Nova Iorque


Eis um capítulo a parte. O metrô de Nova Iorque é toda uma experiência. Sujo, velho, descuidado e hermético. É preciso uma boa dose de determinação para vencer a resistência que a aparência decadente do metrô provoca, de imediato. Andei de metrô por três dias e em todas as vezes que descia as escadas de uma estação e me deparava com aqueles ambientes sujos, onde quase tudo parece velho e abandonado, uma sensação de estranhamento me assaltava. Parece quase inacreditável que uma cidade tão pulsante e rica tenha um sistema de transporte público de aparência tão feia. A sensação a cada vez era de incongruência e improbabilidade. Como se aquele metrô, naquelas condições, não combinasse com a cidade  que há do lado de fora, ou acima, com seus prédios suntuosos, seus habitantes bem vestidos, seus restaurantes charmosos. Numa das ocasiões em que estava esperando o metrô, um rato passou correndo junto a uma jovem que estava distraída com seu celular e tomou um grande susto. As composições do metrô, com raras exceções, são igualmente velhas, sujas e mal cuidadas. Qualquer metrô brasileiro que eu conheço parece bem mais decente. Pelo menos na aparência. Ah! O sistema de som dos carros é tão velho como os próprios, e é impossível entender o que dizem os condutores. Se a pessoa der sorte, pode pegar um carro com letreiros eletrônicos, que indicam as próximas estações, assim como eventuais mudanças de operação.
Aliás, outro elemento pouco convidativo do metrô de Nova Iorque é o seu funcionamento. Nada é autoexplicativo, nem óbvio para quem desconhece a cidade e sua lógica. As placas de sinalização parecem igualmente feitas para quem já tem familiaridade com o espaço urbano. O próprio mapa do metrô é confuso para os leigos, porque cada linha tem várias opções, e há diferenças de operação, conforme os dias da semana, além de carros que fazem viagens expressas, pulando algumas estações. Você pode, inclusive, dirigir-se a uma estação do mapa e descobrir que ali só se tomam composições numa determinada direção, que obviamente não é a que você precisava tomar. Terá, então, que caminhar até a próxima estação.
Bom, para resumo da ópera, o metrô é uma excelente forma de conhecer Nova Iorque, mas recomendável para quem tem algum nível de inglês, pois a pessoa certamente sentirá a necessidade de pedir instruções em vários momentos. Se a língua não for uma barreira, vale a pena aventurar-se, não apenas porque se pode cruzar a cidade rapidamente, evitando o tráfego intenso de Manhattan, mas porque o metrô é um meio interessante para sentir a cidade e observar seus tipos. As figuras mais curiosas da paisagem urbana circulam pelo metrô.

Dicas de viagem:
O tíquete do metrô custa $3 e é válido por um período de duas horas. Os tíquetes são comprados em máquinas eletrônicas, que são os objetos mais novos em qualquer estação, e funcionam direitinho. Há duas direções básicas. Uptown para quem vai dos bairros para a área central, e downton para quem vai do centro para os bairros. Uma vez que a pessoa compreende a lógica do metrô, fica simples usá-lo. É interessante andar com o mapinha do metrô e acompanhar as estações por ele, já que muitas composições não dispõem de mostradores que indiquem a próxima estação. Os nomes das estações encontram-se inscritos nas paredes, o que muitas vezes significa apenas o número da rua em que a estação se localiza. O metrô tem uma excelente cobertura da cidade. É possível andar por toda Manhattan de metrô, associado a pequenas caminhadas. Não tive tempo para ir ao Brooklyn, ou ao Queens, mas o metrô também cobre essas áreas.

E tem wi-fi gratuito.

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