Eis um capítulo a parte. O metrô de Nova Iorque é toda uma
experiência. Sujo, velho, descuidado e hermético. É preciso uma boa dose de
determinação para vencer a resistência que a aparência decadente do metrô
provoca, de imediato. Andei de metrô por três dias e em todas as vezes que
descia as escadas de uma estação e me deparava com aqueles ambientes sujos,
onde quase tudo parece velho e abandonado, uma sensação de estranhamento me
assaltava. Parece quase inacreditável que uma cidade tão pulsante e rica tenha
um sistema de transporte público de aparência tão feia. A sensação a cada vez
era de incongruência e improbabilidade. Como se aquele metrô, naquelas
condições, não combinasse com a cidade que
há do lado de fora, ou acima, com seus prédios suntuosos, seus habitantes bem
vestidos, seus restaurantes charmosos. Numa das ocasiões em que estava
esperando o metrô, um rato passou correndo junto a uma jovem que estava
distraída com seu celular e tomou um grande susto. As composições do metrô, com
raras exceções, são igualmente velhas, sujas e mal cuidadas. Qualquer metrô
brasileiro que eu conheço parece bem mais decente. Pelo menos na aparência. Ah!
O sistema de som dos carros é tão velho como os próprios, e é impossível
entender o que dizem os condutores. Se a pessoa der sorte, pode pegar um carro
com letreiros eletrônicos, que indicam as próximas estações, assim como
eventuais mudanças de operação.
Aliás, outro elemento pouco convidativo do metrô de Nova
Iorque é o seu funcionamento. Nada é autoexplicativo, nem óbvio para quem
desconhece a cidade e sua lógica. As placas de sinalização parecem igualmente
feitas para quem já tem familiaridade com o espaço urbano. O próprio mapa do
metrô é confuso para os leigos, porque cada linha tem várias opções, e há
diferenças de operação, conforme os dias da semana, além de carros que fazem
viagens expressas, pulando algumas estações. Você pode, inclusive, dirigir-se a
uma estação do mapa e descobrir que ali só se tomam composições numa
determinada direção, que obviamente não é a que você precisava tomar. Terá,
então, que caminhar até a próxima estação.
Bom, para resumo da ópera, o metrô é uma excelente forma de
conhecer Nova Iorque, mas recomendável para quem tem algum nível de inglês,
pois a pessoa certamente sentirá a necessidade de pedir instruções em vários
momentos. Se a língua não for uma barreira, vale a pena aventurar-se, não
apenas porque se pode cruzar a cidade rapidamente, evitando o tráfego intenso
de Manhattan, mas porque o metrô é um
meio interessante para sentir a cidade e observar seus tipos. As figuras mais
curiosas da paisagem urbana circulam pelo metrô.
Dicas de viagem:
O tíquete do metrô custa $3 e é válido por um período de
duas horas. Os tíquetes são comprados em máquinas eletrônicas, que são os
objetos mais novos em qualquer estação, e funcionam direitinho. Há duas
direções básicas. Uptown para quem
vai dos bairros para a área central, e downton
para quem vai do centro para os bairros. Uma vez que a pessoa compreende a
lógica do metrô, fica simples usá-lo. É interessante andar com o mapinha do
metrô e acompanhar as estações por ele, já que muitas composições não dispõem
de mostradores que indiquem a próxima estação. Os nomes das estações
encontram-se inscritos nas paredes, o que muitas vezes significa apenas o
número da rua em que a estação se localiza. O metrô tem uma excelente cobertura
da cidade. É possível andar por toda Manhattan
de metrô, associado a pequenas caminhadas. Não tive tempo para ir ao Brooklyn, ou ao Queens, mas o metrô também cobre essas áreas.
E tem wi-fi gratuito.
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