Para quem tem qualquer grau de apreço pela Arte Moderna, o Moma é um endereço obrigatório. Fui com
a intenção de passar duas horas, e acabei passando quase três, apenas no 5º andar,
onde fica a coleção de obras do final do XIX até os anos 40 do século XX. É bem
verdade que esse é o meu período favorito no que se refere às artes plásticas,
e a depender dos interesses e preferências do visitante, a visita pode ser mais
ou menos curta. No total, passei quatro horas no museu, incluindo o 4º andar,
onde se encontra a coleção pós-Segunda Guerra e o jardim interno, onde há
algumas poucas esculturas – dentre as quais uma cabra de Picasso me pareceu a peça
mais interessante.
O 5º andar do Moma
tem vários obras importantes – e belas – dos grandes nomes da pintura Moderna,
como Picasso, Matisse, Van Gogh, Klint... é uma visita emocionante, desde que
seja feita sem pressa. Aliás, aproveitei essa visita ao Moma para exercitar uma das posturas que pretendo amadurecer e
incorporar: estabelecer prioridades e ordenar o tempo de acordo com elas. Não
apenas quando se está viajando e visitando uma cidade cheia de coisas
interessantes para fazer, mas principalmente no cotidiano atribulado, quantas
vezes me deixo levar pela ilusão de que darei conta de fazer uma lista enorme
de coisas num único dia. Incapaz de olhar para minha lista de tarefas, ou de
interesses, e escolher aquilo que é efetivamente importante para mim, vou
tentando fazer tudo. O resultado é, invariavelmente: frustração ou esgotamento
(madrugadas insones, trabalhando, quando deveria estar dormindo).
Sei disso, mas como é difícil mudar um hábito, uma postura! Na
véspera da minha visita ao Moma,
havia tomado mais uma lição da vida (que é implacável). Achando que dava pra
visitar o Harlem, atravessar o Central Park e chegar às 15h na Broadway, meti os pés pelas mãos, e por
muito pouco não perco minha peça, cujo ingresso custou mais de 300 reais (são
muito caros os ingressos para esses espetáculos). Na verdade, perdi os primeiros
10 minutos de peça, mas achei que seria muito pior. Para meu alívio, descobri
que se pode entrar nos teatros da Broadway
mesmo depois do espetáculo começado, ainda que você fique de pé, no fundo,
esperando uma ocasião propícia para ser conduzido ao seu assento.
O fato é que o episódio me serviu como mais um puxão de
orelha. Preciso lutar, com todas as forças, contra a tentação de acreditar que
posso fazer tudo e mais alguma coisa num único dia. Foi assim que, ao chegar no
Moma, escolhi começar pelo que mais
me interessa nas artes plásticas, e fui diretamente ao 5º andar. Meu plano era
seguir dali para o Guggenheim. Com
meia hora de Moma, fiz uma reflexão e
decidi esquecer o Guggenheim. Melhor
usufruir intensamente daquelas obras incríveis, que estavam ali, à minha disposição,
do que não aproveitar bem, nem a coleção do Moma,
nem a do Guggenheim. Voltarei a Nova
Iorque uma outra vez, e então visitarei o Guggenheim.
E se isso não for possível, paciência. Tomada essa sensata decisão, aproveitei
cada minuto passado no Moma. Também
decidi concentrar-me no 5º andar, já que não sou grande apreciadora da Arte
Contemporânea. Acabei passando rapidamente pela coleção do 4º andar. Mas o
importante é que pude fruir, com calma, atenção e emoção, cada um dos incríveis
quadros dos meus pintores preferidos.
O Moma fica
pertinho da 5ª Av. Como tinha tempo antes da ópera, fui caminhar um pouco por
esse elegante trecho de Manhattan. A
5ª. Av. é o endereço imperdível de quem vai a Nova Iorque interessado em
compras. Não é o meu caso. Pra mim, o
que vale a pena na 5ª Av. é a catedral de Saint Patrick, realmente bela e
imponente, além das várias outras igrejas e templos que se espalham ao longo
dessa via. Gosto da sensação de estranhamento que a presença desses lugares
sagrados, entre prédios enormes e lojas chiquérrimas, me causa. Há várias
igrejas ou templos ao longo da 5ª Av., justo nos trechos mais movimentados,
onde o vai-e-vem de turistas e de nova-iorquinos, com seus elegantes
sobretudos, é intenso. Já na lateral do Central Park, numa área mais
residencial e mais tranquila, há uma bela sinagoga, em estilo românico. Acho
que se chama templo de El-Manuel. Na fachada, uma estrela de Davi bem no meio
de uma grande rosácea. Mas ao contrário do que se passa com a catedral de Saint Patrick, a Sinagoga parece
perfeitamente harmônica em meio aos edifícios elegantes e claros do East Central Park.
Dicas de viagem:
Mesmo para quem não aprecia tanto a Arte Moderna, registro
que vale a visita ao Moma para ao
menos conhecer quadros emblemáticos, como as Démoiselles d´Avignon, de Picasso, Dance, de Matisse, ou Noite
Estrelada, de Van Gogh. O museu disponibiliza um aparelho de áudio
gratuito, com comentários sobre os principais quadros da coleção. Nas plaquinhas
ao lado dos quadros comentados há um símbolo indicando a existência do
comentário em áudio e o número do arquivo. É só digitar esse número e escutar a
gravação. Aprendi muitas coisas interessantes com esse dispositivo.
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